sábado, 5 de março de 2011

Um amigo Sofredor

Deus é tão difícil de entender. Na verdade, impossível. Mas tudo melhorou quando eu tive um sonho. Bem, não sei bem se foi sonho. Mas aconteceu em mim.
Mas neste sonho eu estava dormindo. Lembro que estava muito cansado e adormeci que nem vi. Aí vem alguém e me acorda com leveza mas uma certa agonia. “Jorge!”. Acordei só em parte e vi um homem com aspecto de um judeu de um lugar de pouco prestígio, a Galileia. Ele falou em aramaico mas eu entendia. Eu pensei...como assim, eu já vi esta cena, já vi este filme, já tive este sonho, o que é? Está me lembrando uma coisa. O sono pesado...E o rapaz de uns 30 anos continuou : “Jorge, amigo,  eu estou numa agonia enorme. Você não pode ficar comigo um pouco!?!. Eu fiquei confuso e sem enxergar direito porque sou míope e acordado no meio da noite, com muito sono, mas olhei e falei em português mesmo: “Meu Deus! Você é Jesus!?”. Ele me disse “Venha logo, amigo. Jorge, venha!Eu estou que não me agüento”. Já tentei com Pedro, Tiago e João e s não acordaram. Enquanto ele tomou a palavra e falava eu, calado, já fui caindo no sono de novo. E pela terceira vez ele disse”Amigo, você não pode ficar um pouco acordado comigo, porque eu estou precisando muito”. Foi a última palavra que ouvi. Dormi profundamente de novo.
Aí eu fui sonhando, pensando, voltando para a minha vida do dia a dia. Eu estive no Horto das Oliveiras. Mas quem não esteve!? Todos estivemos e estamos na Paixão de Jesus e o acompanharemos, se fiéis, na Sua Ressurreição.
Lembrei então que já o ouvira dizer: “já não  vos chamo servos, mas amigos”. Por isto me chamava pelo nome e de amigo.”O Bom Pastor conhece suas ovelhas”.
Mas a grande lição não foi esta. Lembrei que ouvira também Felipe dizer: “Mestre, mostra-nos o Pai”. E Jesus, surpreso, quase contrariado e decepcionado, pergunta: “Felipe, há tanto tempo que estais comigo e ainda me pergunta: mostra-nos o Pai. !?”
E que depois Tomé ajoelhado respondeu com o dedo na chaga de Jesus Morto e Ressuscitado: ”Meu Senhor e meu Deus!”
Foi preciso que Deus viesse como um Homem, suasse sangue e perdesse o sono de medo da morte, e me viesse chamar como amigo para acompanhá-lo nesta agonia” para que eu compreendesse que Deus é incompreensível mas é próximo, “mais íntimo de mim que eu mesmo “( Sto. Agostinho). Que o Coração de Jesus está no mais íntimo do meu coração tentando ocupar todo o meu, enchendo-o de felicidade eterna. Mas isto não se faz assim de repente. Mas é um salto enorme entre a busca do Deus Incompreensível, e a intimidade de Deus Padecente e Ressuscitado. Aí é preciso fazer como diz o  Apóstolo: “eu completo em minha carne o que falta à paixão de Cristo”.  E a paixão de Cristo nos vem como uma paixão só nossa. Cada um tem seu modo próprio de participar da Paixão de Cristo. E estranha este modo. E enquanto estranha, não carrega a cruz. E enquanto não carrega  a cruz “todos os dias”, não segue a Jesus, não tem este alegria, e corre o risco de os soldados chegarem  e não estarmos preparados. E não irmos com Jesus. Como Pedro não foi. Naquele momento, mas depois. Ou como Judas, que estava tão acordado naquele momento, e não foi nunca mais com o Deus Humado. Não porque o traiu naquele momento, mas porque reencontrando-O mais uma vez, resistiu ao olhar de Jesus, Amigo e Salvador.

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